Acidentes acontecem! Guia de situações de emergência

Ter filhos pequenos em casa é uma delícia, mas um desafio diário. A curiosidade natural das crianças, somada à falta de noção de perigo, faz com que acidentes aconteçam em um piscar de olhos. “Crianças exploram o mundo com o corpo: engatinham, escalam, colocam objetos na boca, e tudo isso acontece muito rápido, às vezes em segundos”, explica a pediatra Ana Carolina, em entrevista à AnaMaria.

Por isso, entender os sinais de alerta, saber quem chamar e reconhecer a gravidade de cada situação é essencial. Quando estamos falando de crianças, cada segundo conta.

Atenção imediata

Os acidentes mais frequentes com crianças pequenas incluem quedas, engasgos, queimaduras, afogamentos, intoxicações e traumas na cabeça. “O corpo da criança ainda está em desenvolvimento, e o que parece inofensivo para adultos pode ser perigoso para os pequenos”, explica Yuri Castro Santos, médico emergencista e especialista em atendimentos de alta complexidade.

Sinais que indicam a necessidade de ligar imediatamente para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU (192) ou Corpo de Bombeiros (193) incluem:

Quedas de lugares altos (sofá, cama, escada, janela) ou se forem seguidas de vômitos, desmaio, sonolência excessiva ou sangramento.
Batidas na cabeça, especialmente se houver com desmaio, confusão, convulsão, alteração no comportamento ou inchaço significativo.
Engasgo ou dificuldade para respirar (a criança não chora, não tosse, não fala).
Afogamento, mesmo que a criança pareça recuperada, podem ocorrer complicações tardias.
Queimaduras graves, com bolhas grandes, profundidade, ou em áreas delicadas como rosto, mãos, pés e genitais.
Reações alérgicas severas, como inchaço em lábios, língua ou rosto, dificuldade respiratória, urticária rápida ou queda de pressão.

“Na dúvida, é melhor pecar pelo excesso. Os pais nunca devem achar que estão ‘exagerando’ quando se trata da segurança dos filhos”, orienta Yuri.

Quedas, engasgos, queimaduras e afogamentos estão entre os acidentes mais comuns com crianças, mas você sabe como agir diante deles? – Crédito: FreePik

Manobras de desengasgo: o que mudou?

A American Heart Association (AHA) atualizou, em outubro, o protocolo de desengasgo para bebês, crianças e adultos conscientes. Agora, a orientação é alternar cinco pancadas firmes nas costas com cinco compressões (torácicas ou abdominais, dependendo da idade). E mais um detalhe essencial: sempre acione o SAMU (192) antes de iniciar a manobra.

Como fazer a manobra em bebês (menos de 1 ano)

O engasgo em bebês é uma das situações mais angustiantes para os pais, mas seguir o passo a passo ajuda a manter o foco:

Confirme o engasgo: o bebê não chora, não tosse e não respira.
Apoie-o de bruços sobre o antebraço, mantendo a cabeça mais baixa que o corpo.
Dê cinco pancadas firmes entre as escápulas.
Vire o bebê de barriga para cima.
Aplique cinco compressões torácicas no centro do peito, com a base da mão.
Repita até o objeto sair ou até o bebê perder a consciência.
Se isso acontecer, inicie RCP imediatamente.

Importante: compressões abdominais são proibidas em bebês, pois podem causar danos internos.

Como agir com crianças maiores e adultos

Posicione-se atrás da vítima e incline o corpo dela levemente para frente.
Dê cinco pancadas firmes nas costas.
Faça cinco compressões abdominais (“para dentro e para cima”).
Repita a sequência.
Se a pessoa desmaiar, deite-a no chão e inicie compressões torácicas (100 a 120 por minuto).

Quando NÃO chamar o SAMU (192)

Segundo o próprio Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, situações como febre prolongada, vômitos e diarreias isolados, dor de dente, pequenas torções, cortes leves e transporte para consultas devem ser direcionados à UPA ou ao posto de saúde. O SAMU é reservado para situações com risco real de morte, sequela grave ou sofrimento intenso.

Falando sobre segurança

Ensinar segurança não precisa ser assustador. “Crianças aprendem mais observando do que ouvindo. Use linguagem positiva: ‘Isso machuca, vamos fazer de outro jeito’”, orienta Ana Carolina. Pequenas conversas diárias, reforço positivo e exemplos práticos ajudam a criança a entender limites do perigo, sem medo. No fim, a mensagem é simples: acidentes acontecem, mas a informação salva. 

A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1497, de 28 de novembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.

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