Robôs estão criando antibióticos — em velocidade recorde

Robôs estão acelerando uma tarefa que, até pouco tempo atrás, exigia meses de trabalho cuidadoso em laboratório: a criação de novos antibióticos.

Em poucos dias, sistemas automatizados conseguiram sintetizar e testar centenas de compostos químicos, levando à descoberta de um candidato promissor justamente em um momento crítico, em que a resistência bacteriana se espalha pelo mundo.

O avanço foi demonstrado por pesquisadores que utilizaram uma plataforma de síntese robótica para explorar compostos à base de metais — uma área historicamente negligenciada na busca por novos medicamentos.

Resistência bacteriana impulsiona uso de robôs na descoberta de medicamentos (Imagem: Sergii Sobolevskyi/Shutterstock)

O estudo surge em meio à crescente crise da resistência antimicrobiana, responsável por mais de um milhão de mortes por ano globalmente, e que ameaça tornar procedimentos médicos comuns cada vez mais arriscados.

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Robôs aceleram a descoberta de antibióticos

A pesquisa foi liderada pelo químico Angelo Frei, da Universidade de York, e se baseou na combinação de robótica com a chamada química de “clique”, uma técnica eficiente para unir blocos moleculares.

Em menos de uma semana, a equipe sintetizou mais de 700 complexos metálicos distintos, algo que normalmente levaria meses de trabalho manual.

Após a síntese, todos os compostos foram testados quanto à capacidade de eliminar bactérias sem danificar células humanas.

Seis candidatos apresentaram resultados promissores, com destaque para um complexo à base de irídio, que demonstrou forte ação antibacteriana, inclusive contra cepas semelhantes ao MRSA, mantendo baixa toxicidade.

Plataforma automatizada descobre candidato promissor em dias, em meio à crise da resistência bacteriana (Imagem: asharkyu/Shutterstock)

Pensar além das moléculas tradicionais

Segundo os pesquisadores, os compostos metálicos oferecem vantagens importantes em relação aos antibióticos convencionais. Por serem tridimensionais, eles podem interagir com as bactérias de maneiras diferentes, potencialmente superando mecanismos de resistência já conhecidos.

“O desenvolvimento de novos antibióticos está estagnado há décadas. Precisamos pensar diferente”, afirmou Frei. Para ele, o maior avanço não é apenas o composto descoberto, mas a velocidade inédita com que foi possível encontrá-lo.

Além da medicina, a equipe destaca que a mesma plataforma robótica pode ser adaptada para outras áreas, como o desenvolvimento de catalisadores industriais.

Agora, os pesquisadores trabalham para entender melhor como o composto de irídio age contra as bactérias e para expandir a exploração de outros metais, conforme detalhado em artigo publicado na Nature Communications.

Compostos metálicos e robótica desafiam abordagens tradicionais da indústria farmacêutica (Imagem: Fahroni/Shutterstock)

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