O Réveillon está se aproximando e nesta data até quem não gosta muito de beber se rende a um brindezinho com espumante. Muita gente, porém, já começa a festa com a intenção de “beber para comemorar” e, para evitar a ressaca da manhã seguinte, recorre a medicamentos que acreditam prevenir os sintomas da intoxicação. Especialistas alertam que esta não é a forma mais inteligente de tentar evitar os efeitos das doses de Ano-Novo.
A ressaca surge a partir de sintomas neurológicos provocados pela intoxicação alcoólica no cérebro. O fígado e o estômago sofrem agressões diretas e perdem sua capacidade de funcionamento, o que gera dor de cabeça, mal-estar, dor gástrica, náuseas e ânsia. A bebida também causa desidratação, fator que agrava os sintomas no dia seguinte.
A gastroenterologista Debora Poli, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, afirma que a automedicação antes de comer ou beber coloca o organismo em um desequilíbrio que pode até potencializar os sintomas. “Não existe remédio que previna os malefícios do álcool. O corpo funciona em um equilíbrio e tudo deve ser ingerido com moderação, especialmente o álcool, que não traz benefícios ao corpo. Além disso, todo remédio deve ser ingerido com orientação médica”, explica.
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Kit ressaca funciona?
Os chamados kits ressaca ou kits festa se popularizaram em confraternizações. Eles costumam reunir antieméticos, antiácidos, analgésicos e hepatoprotetores como Engov, Epocler e sais de fruta, tomados em conjunto com o objetivo de amenizar sintomas após consumo elevado de álcool, mas especialistas garantes que eles não funcionam.
“Esse é um tipo de informação divulgado sem base científica, sendo apenas uma estratégia comercial para vender mais”, diz o farmacêutico Anderson Carniel, coordenador e professor do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UNG).
Analgésicos como paracetamol e ibuprofeno podem reduzir dores de cabeça e desconfortos comuns após episódios de consumo excessivo. Medicamentos que auxiliam o metabolismo do álcool no fígado também colaboram para reduzir a intoxicação hepática após o consumo, mas não eliminam a causa do problema. “O corpo precisa de tempo para eliminar o álcool. Esse é o único processo realmente eficaz contra a ressaca”, informa.
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O que realmente ajuda o organismo?
A médica clínica geral Sara Mohrbacher, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destaca que a hidratação constante é a melhor receita para reduzir os impactos do álcool. Intercalar bebidas alcoólicas com água, água de coco ou isotônicos ajuda a repor líquidos perdidos. A médica também recomenda evitar consumo com estômago vazio.
Alimentos leves ingeridos antes e durante as celebrações podem retardar absorção do álcool e atenuar sintomas posteriores. Um estudo de 2009 indicou que comer frutas com moderação pode acelerar a eliminação do álcool do organismo em até 30%.
“O mais seguro é evitar o consumo de álcool, mas se a decisão for beber, moderação, hidratação e descanso são os melhores aliados para começar o novo ano com mais saúde e disposição”, indica. Manter horários de sono próximos dos regulares de sua rotina, mesmo durante celebrações, favorece a disposição física e mental. A prática de exercícios leves, como caminhadas, alongamentos ou atividades ao ar livre, também contribui para a manutenção do bem-estar nessa virada.






