Astrônomos acham evidências de estrela que explodiu duas vezes antes de ‘morrer’

Astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO, sigla em inglês) encontraram evidências visuais de que uma estrela chegou ao fim depois de explodir duas vezes. Os pesquisadores fizeram a descoberta através do Very Large Telescope (VLT), um dos maiores telescópios do mundo, localizado no Chile.

A descoberta, publicada nesta quarta-feira, 2, confirma uma teoria antiga dos astrônomos, mas nunca comprovada visualmente.

Chamada de “anã branca”, a estrela observada pelo astrônomos é a sobra de uma estrela que já esgotou seu combustível nuclear. Esse pequeno astro pode “reacender” quando ganha matéria de uma estrela companheira ou absorve elementos como o urânio. 

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“As explosões de anãs brancas desempenham um papel crucial na astronomia”, afirma o pesquisador Priyam Das. “Grande parte do nosso conhecimento sobre a expansão do Universo se baseia em supernovas do Tipo Ia, e elas também são a principal fonte de ferro em nosso planeta, incluindo o ferro em nosso sangue.”

O pesquisador também pontuou que apesar da importância desse tipo de estrela, “o antigo enigma do mecanismo exato que desencadeia sua explosão permanece sem solução.”

Como aconteceu a explosão da estrela

Em um comunicado sobre a descoberta, nesta quarta, o ESO explicou que todos os modelos que explicam supernovas do Tipo Ia começam com uma anã branca em um par de estrelas.

Se ela orbitar perto o suficiente da outra estrela desse par, a anã pode roubar material da sua parceira.

“Na teoria mais consolidada por trás das supernovas do Tipo Ia, a anã branca acumula matéria de sua companheira até atingir uma massa crítica, momento em que sofre uma única explosão”, diz um trecho do comunicado. “No entanto, estudos recentes sugeriram que pelo menos algumas supernovas do Tipo Ia poderiam ser melhor explicadas por uma explosão dupla desencadeada antes que a estrela atingisse essa massa crítica.”

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Com as novas imagens capturadas pelo VLT, os astrônomos comprovaram que a teoria da “dupla detonação” estava correta.

Nesse modelo alternativo, a anã branca forma uma camada de hélio roubado ao seu redor, que pode se tornar instável e entrar em ignição.

A primeira explosão gera uma onda de choque que se propaga ao redor da anã branca e para dentro, desencadeando uma segunda detonação no núcleo da estrela — criando, por fim, a supernova.

Os pesquisadores analisaram restos de uma supernova chamada SNR 0509-67.5, que explodiu há centenas de anos.

Astrônomos dizem que supernovas ajudam a compreender o Universo

O pesquisador Ivo Seitenzahl, que liderou as observações, disse que os resultados da pesquisa mostram “uma indicação clara de que anãs brancas podem explodir bem antes de atingirem o famoso limite de massa de Chandrasekhar, e que o mecanismo de ‘dupla detonação’ de fato ocorre na natureza ”.

A equipe conseguiu detectar essas camadas de cálcio (em azul na primeira imagem) no remanescente de supernova SNR 0509-67.5. Isso, segundo os pesquisadores, é uma indicação de que uma supernova do Tipo Ia pode ocorrer antes que sua anã branca progenitora atinja uma massa crítica.

“As supernovas do Tipo Ia são fundamentais para a nossa compreensão do Universo”, informou o ESO. “Elas se comportam de maneiras muito consistentes, e seu brilho previsível – independentemente da distância – ajuda os astrônomos a medir distâncias no espaço.”

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