A indústria de panificação paulista, um dos setores mais tradicionais e importantes da economia do Estado, enfrenta uma grave crise de mão de obra. De acordo com o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sampapão), o setor tem cerca de 55.000 vagas em aberto no estado de São Paulo.
Em nota à Revista Oeste, nesta quinta-feira, 3, o sindicato cita como uma das principais causas do problema a “crescente rejeição dos trabalhadores, especialmente os mais jovens, ao modelo de contratação via CLT” revelada em pesquisa recente do Datafolha.
+ Leia mais notícias de Economia em Oeste
Segundo o levantamento, os trabalhadores estão em busca de maior flexibilidade e autonomia.
“O apagão de mão de obra é uma realidade sentida no balcão e na produção das padarias”, diz um trecho da nota. “Uma pesquisa interna realizada pelo Sampapão com seus associados revelou que 42 panificadores confirmaram uma procura ativa por modelos de trabalho fora da CLT em seus estabelecimentos, enquanto apenas 22 não notaram essa demanda.”
59% dos brasileiros preferem trabalhar por conta própria
De acordo com o levantamento do Datafolha, 59% dos brasileiros já consideram melhor trabalhar por conta própria, em comparação com 39% que preferem ser contratados por uma empresa.
A pesquisa também apontou um crescimento de 21% para 31%, desde 2022, no número de pessoas que priorizam ganhar mais em detrimento do registro em carteira.
Leia também: “‘Haddad tenta explicar economia como se fosse stand-up‘, diz deputado”
O índice daqueles que valorizam a CLT mesmo com um salário menor passou de 77% para 67% no mesmo período.
Dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo mostram que 77,1% das indústrias paulistas classificaram o processo de busca por candidatos como difícil ou muito difícil no início deste ano.
Sampapão alerta para “crise sem precedentes” no setor
Para o presidente do Sampapão, Rui Gonçalves, a combinação da falta de mão de obra qualificada com essa nova mentalidade dos trabalhadores cria um cenário de alto risco para a indústria.
“Estamos vivendo uma tempestade perfeita”, disse. “De um lado, temos uma carência histórica de profissionais qualificados na panificação; do outro, uma mudança cultural profunda na forma como as novas gerações enxergam o trabalho.”
Para o sindicalista, se o setor não dialogar com essa nova realidade de valorização do tempo e da autonomia, “corre o risco de enfrentar uma crise de operação sem precedentes”.
O post Setor de panificação enfrenta ‘apagão’ de mão de obra em São Paulo apareceu primeiro em Revista Oeste.