Você já ouviu falar nas amígdalas cerebrais? Apesar do nome parecido com aquelas que inflamam na garganta, essas estruturas têm funções completamente diferentes.
Localizadas em regiões profundas do cérebro, mais precisamente no sistema límbico, as amígdalas cerebrais são pequenas, mas desempenham um papel gigantesco no comportamento humano.
Elas estão diretamente ligadas às emoções, principalmente ao medo, à raiva e à resposta de luta ou fuga. Mas não para por aí: essas estruturas também influenciam a forma como formamos memórias emocionais e tomamos decisões em momentos de estresse.
Nos últimos anos, avanços na neurociência mostraram que entender as amígdalas cerebrais é essencial para compreender o comportamento humano, transtornos mentais e até o impacto de traumas.
Mas, afinal, o que são exatamente essas amígdalas? Para que elas servem? E por que elas são tão importantes para a nossa sobrevivência e equilíbrio emocional?
O que você precisa saber
O que são as amígdalas cerebrais?Para que servem as amígdalas cerebrais?Regulação do medo e resposta a ameaçasFormação de memórias emocionaisTomada de decisões sob estresseEmpatia e leitura emocionalO que acontece quando há disfunção nas amígdalas cerebrais?Amígdalas cerebrais e neurociência modernaAs amígdalas cerebrais podem ser treinadas?Curiosidades sobre as amígdalas cerebrais
O que são as amígdalas cerebrais?
As amígdalas cerebrais, também conhecidas como amygdalae no plural em inglês, ou simplesmente amígdala, são duas pequenas estruturas em forma de amêndoa localizadas nos lobos temporais do cérebro, uma de cada lado.
Elas fazem parte do sistema límbico, conjunto de estruturas que regula emoções, motivação, comportamento social e memória.
A palavra “amígdala” vem do grego e significa “amêndoa”, justamente por causa do formato. Cada amígdala mede cerca de 1 a 1,5 cm e contém vários núcleos distintos, que se conectam com outras áreas cerebrais.
Esses núcleos têm funções específicas e se comunicam com regiões como o hipotálamo, o hipocampo e o córtex pré-frontal.
Apesar do tamanho reduzido, o papel das amígdalas cerebrais é gigantesco. Elas funcionam como centrais de alarme e processamento emocional, ajudando o cérebro a avaliar situações, identificar ameaças e reagir de forma adequada.
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Para que servem as amígdalas cerebrais?
Regulação do medo e resposta a ameaças
O papel mais conhecido das amígdalas cerebrais é o processamento do medo. Quando você se depara com uma situação ameaçadora como quase ser atropelado ou ouvir um barulho estranho à noite, as amígdalas entram em ação.
Elas processam o estímulo, comparam com experiências anteriores e disparam uma resposta rápida: correr, congelar ou lutar.
Essa resposta é chamada de “luta ou fuga” e foi essencial para a sobrevivência dos nossos ancestrais. Mesmo hoje, em um mundo com menos predadores, as amígdalas continuam nos protegendo de perigos, tanto físicos quanto emocionais.
Formação de memórias emocionais
As amígdalas cerebrais também ajudam o cérebro a registrar memórias com carga emocional. Isso significa que eventos marcantes, como uma briga intensa, um acidente ou até um encontro romântico, são armazenados de forma mais vívida e duradoura.
Essa função tem um propósito adaptativo: lembrar de situações perigosas ou importantes ajuda o cérebro a evitá-las ou repeti-las no futuro. Por isso, traumas e fobias estão frequentemente associados à atividade anormal nas amígdalas.
Tomada de decisões sob estresse
Quando estamos sob forte carga emocional, especialmente em situações de risco, o cérebro precisa tomar decisões rápidas.
As amígdalas cerebrais participam ativamente desse processo. Elas se comunicam com o córtex pré-frontal (responsável pelo raciocínio) e influenciam a escolha de comportamentos mais imediatos, baseados na emoção.
Isso explica por que, muitas vezes, reagimos “no impulso” em momentos de raiva ou medo. Nessas situações, as amígdalas podem “atropelar” as áreas racionais do cérebro.
Empatia e leitura emocional
Pesquisas recentes mostram que as amígdalas também participam da leitura de expressões faciais e de sinais emocionais nos outros. Pessoas com lesões nas amígdalas, por exemplo, têm dificuldade de reconhecer emoções como medo ou raiva nos rostos de outras pessoas.
Essa função é importante para a empatia, para a convivência social e até para identificar possíveis ameaças em ambientes sociais.
O que acontece quando há disfunção nas amígdalas cerebrais?
As amígdalas cerebrais podem se tornar hiperativas ou hipoativas em certos transtornos mentais e neurológicos. Veja alguns exemplos:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): pessoas com TAG tendem a ter amígdalas hiperativas, o que as faz perceber ameaças onde não existem e manter o estado de alerta constante;
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): a exposição a traumas graves pode alterar o funcionamento das amígdalas, fazendo com que a pessoa reviva o evento repetidamente ou reaja de forma exagerada a estímulos inofensivos;
Depressão: algumas pesquisas mostram que a atividade anormal das amígdalas está ligada a alterações no processamento de emoções negativas, o que pode contribuir para os sintomas depressivos;
Autismo: estudos indicam que pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) podem ter alterações estruturais ou funcionais nas amígdalas, o que afeta a forma como elas interpretam emoções sociais.
Amígdalas cerebrais e neurociência moderna
A tecnologia de imagem cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI), tem permitido estudar o funcionamento das amígdalas cerebrais com mais precisão. Graças a essas ferramentas, cientistas podem observar como essas estruturas se ativam em tempo real diante de certos estímulos.
Esses estudos são fundamentais para desenvolver tratamentos mais eficazes para distúrbios emocionais e comportamentais. Terapias baseadas em exposição, por exemplo, visam “reprogramar” a resposta das amígdalas a estímulos traumáticos.
Além disso, há pesquisas com estimulação cerebral profunda e uso de IA para mapear padrões emocionais e prever crises em pacientes com transtornos emocionais graves.
As amígdalas cerebrais podem ser treinadas?
Sim. Embora as amígdalas não possam ser controladas diretamente como um músculo, é possível influenciar sua atividade com práticas como:
Meditação: pode reduzir a atividade da amígdala, ajudando no controle da ansiedade e da impulsividade;
Terapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda a reprogramar reações emocionais exageradas, mudando o padrão de ativação das amígdalas;
Exposição gradual ao medo: técnica usada em terapias para fobias e TEPT, que reduz a sensibilidade da amígdala a certos estímulos.
Curiosidades sobre as amígdalas cerebrais
Um estudo famoso mostrou que pessoas que assistiam a filmes de terror tinham maior atividade na amígdala, o que explicava o prazer/medo misturado que esses filmes causam;
Psicopatas têm atividade reduzida nas amígdalas, o que pode explicar a baixa empatia e a frieza emocional;
A música pode modular a resposta das amígdalas, dependendo do estilo e da carga emocional das melodias.
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