Campos Neto, sobre aumento do IOF: ‘Não é um imposto para ricos’

O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez um balanço sobre a situação econômica do Brasil e destacou a necessidade de união entre os diferentes setores da sociedade para superar os desafios fiscais e econômicos do país.

Campos Neto, que é o atual vice-chairman do Nubank, também fez um alerta sobre como o aumento do IOF deve impactar toda a população. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele defendeu que não se pode tratar o imposto como uma medida direcionada apenas aos ricos. 

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“Não é verdade que seja um imposto para ricos”, afirmou. “Essa não resiste a uma conta simples do aumento no custo para uma operação de crédito pequena. Impacta toda a cadeia e encarece e distorce o processo produtivo.”

O economista ainda criticou a polarização política, apontando que ela tem dificultado decisões estruturais importantes para o crescimento do Brasil.

“O discurso de ‘nós contra eles’ é ruim para todo mundo”, analisou o especialista. “Não é o que vai fazer o país crescer de forma estrutural. Precisamos unir todo mundo, o empresário, o empregado, o governo.”

Campos Neto destaca os desafios fiscais

Em relação à situação fiscal do Brasil, Campos Neto foi enfático ao destacar que a principal âncora para a estabilidade econômica é o controle das contas públicas. 

“O Brasil tem uma dívida muito alta”, alertou. “Sem reverter, poderemos ter movimentos moderados de queda ou de alta, mas a âncora está no fiscal.” 

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Segundo ele, a falta de um superávit primário está gerando uma pressão crescente sobre a dívida pública, que pode crescer de 3 a 5 pontos percentuais ao ano, comprometendo ainda mais as finanças do país.

Campos Neto também criticou as políticas fiscais atuais, destacando que o aumento da carga tributária não é uma solução viável para o Brasil, que já enfrenta dificuldades com a arrecadação: “O que estamos fazendo não é equalização e sim aumento de carga, e não temos como aumentar mais”.

Sobre a política de juros, Campos Neto reforçou que a redução das taxas depende da criação de um ambiente de confiança por parte do mercado. “O importante não é se vai cair 1 ou 1,5 ponto, mas se o mercado vai acreditar que o governo é sério”, afirmou.

O economista destacou a necessidade de medidas fiscais mais rigorosas para gerar um “choque positivo de credibilidade”, condição essencial para a redução das taxas de juros no país.

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Por fim, Campos Neto também reagiu às críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sugeriu que ele teria deixado uma herança de alta de juros para seu sucessor, Gabriel Galípolo. 

“É triste quando a narrativa é mais importante do que a busca de uma solução estrutural”, analisou o economista, ao reafirmar que as decisões sobre a política monetária foram tomadas de forma técnica e com base na realidade fiscal do país.

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