Um estudo publicado em 2 de julho de 2025 no repositório científico arXiv, conduzido por pesquisadores da Universidade de Lisboa e de outras instituições, sugere uma nova explicação para o início da vida na Terra. A pesquisa mostra que o gigantesco impacto que formou a Lua pode ter trazido elementos essenciais para que o nosso planeta se tornasse habitável.
De acordo com a teoria, há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra foi atingida por um corpo celeste do tamanho de Marte, batizado de Theia. O choque foi tão intenso que gerou uma nuvem de detritos que, depois, se reuniu para formar a Lua. Esse evento já era considerado uma peça-chave na formação do Sistema Solar, mas o novo estudo sugere que ele pode ter tido um papel ainda mais importante: o de trazer para a Terra compostos essenciais à vida, como carbono e água.
Os cientistas utilizaram modelos computacionais chamados simulações N-body, que calculam as interações entre diferentes corpos celestes, para entender de onde veio Theia e do que ele era feito. Eles descobriram que, em cerca de 50% dos cenários simulados, Theia tinha origem nas regiões mais externas do Sistema Solar, onde havia grande quantidade de materiais carbonáceos — ou seja, ricos em carbono e outros elementos que favorecem reações químicas complexas, base da vida como conhecemos.
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Além disso, mesmo nos casos em que Theia não nasceu nessas regiões distantes, ele provavelmente colidiu com outros corpos e acumulou parte desse material antes de atingir a Terra. Isso significa que o impacto não apenas formou a Lua, como também teria enriquecido o nosso planeta com ingredientes que ajudaram a criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da vida.
Outra consequência do impacto foi a formação da própria Lua, que exerce um papel fundamental na estabilidade da Terra. O satélite natural ajuda a manter o eixo de rotação do planeta estável, o que garante estações do ano mais regulares e um clima menos extremo. Além disso, as marés provocadas pela atração gravitacional da Lua podem ter sido cruciais nos primeiros bilhões de anos, favorecendo reações químicas nas áreas costeiras.
Antes desse estudo, os cientistas já sabiam que a Terra tinha uma composição química diferente dos planetas vizinhos, como Marte e Vênus, que possuem menos carbono e menos água. Agora, eles acreditam que essa diferença pode ter sido causada justamente pelo impacto com Theia, que teria transferido parte de sua composição rica em compostos voláteis (substâncias que evaporam facilmente, como água e gases).
O estudo reforça a ideia de que eventos caóticos, como colisões entre planetas e asteroides, também podem gerar condições favoráveis à vida. Em vez de apenas destruírem, esses impactos podem trazer ingredientes que mudam o destino de um planeta.
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