O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou um aumento no déficit de potência no Brasil, o que significa que falta capacidade para geração de energia instantânea. Uma das opções consideradas pelo órgão para dar conta da demanda é o retorno do horário de verão.
Segundo o ONS, a mudança na matriz elétrica brasileira, com aumento das fontes renováveis, exige maior flexibilidade nas fontes convencionais. Nesse sentido, o horário de verão pode ser importante para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico.
Horário de verão pode ser solução para dar conta da demanda
De acordo com o Plano da Operação Energética 2025-2029, lançado pelo ONS nesta semana, há uma expectativa de crescimento de carga de energia de 14,1% nos próximos anos, o que corresponderia a cerca de 3,4% ao ano.
No entanto, ao mesmo tempo, há uma piora no déficit de potência no país (a capacidade de gerar energia instantânea). Basicamente, a demanda deve aumentar, mas a capacidade de geração pode não acompanhar.
O ONS está analisando alternativas para contornar esse cenário – e uma delas é o retorno do horário de verão. Segundo o diretor de planejamento do órgão, Alexandre Zucarato, ao Estadão, o PEN analisa se a quantidade de geração disponível atende o consumo do Brasil. Com o agravamento no déficit, “eventualmente podemos recomendar horário de verão como imprescindível”.
Medida pode aumentar segurança do sistema elétrico brasileiro
A matriz elétrica brasileira está mudando, dando lugar a fontes renováveis no atendimento do sistema elétrico nacional. No entanto, essas fontes ainda são intermitentes e, segundo Marcio Rea, diretor-geral do ONS, criam alguns desafios para operação.
Como resposta, o órgão defende mais flexibilidade para usar as fontes convencionais (como hidrelétricas e termelétricas) para garantir o abastecimento de forma segura. Esse cenário pode ser necessário no 2º semestre, principalmente a partir de outubro, em que será preciso preparar o sistema para usar mais termelétricas para atender a demanda.
Precisamos cada vez mais de flexibilidade no sistema, com fontes de energia controláveis, que nos atendam de forma rápida para termos o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia, especialmente nos horários em que temos as chamadas rampas de carga. Isso é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.
Marcio Rea, diretor-geral do ONS
Como o horário de verão pode ajudar?
Durante o horário de verão, a população deve adiantar os relógios em uma hora;
Na prática, amanhece e escurece mais tarde, permitindo aproveitar mais a luz solar e a diminuir o uso de iluminação artificial no fim da tarde e início da noite (quando o consumo de energia é maior);
Com essa economia, a população demanda menos energia e alivia o sistema elétrico brasileiro.
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O horário de verão no Brasil foi implementado pela primeira vez no início da década de 1930, mas passou por idas e vindas. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro o extinguiu novamente, alegando que a economia de energia era mínima.
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