Chá anti-inflamatório melhora a digestão e ajuda o sistema imunológico

O chá de cúrcuma com pimenta-do-reino tem atraído a atenção de quem busca melhorar a saúde por meio da alimentação, graças à combinação de compostos com potencial terapêutico. A combinação une dois ingredientes ricos em compostos bioativos — curcumina e piperina — e tem sido explorada por seu potencial de atuar em processos inflamatórios, imunológicos e digestivos.

Segundo os nutricionistas, o preparo simples esconde uma engenharia metabólica sofisticada, capaz de potencializar os efeitos terapêuticos das plantas.

“A mistura de cúrcuma com pimenta-do-reino é valorizada principalmente por seu potencial anti-inflamatório e antioxidante”, afirma Danielle Luz Gonçalves, coordenadora de nutrição da Uniceplac. “Juntas, elas formam uma bebida funcional que atua na proteção celular e na modulação de respostas inflamatórias”, explica.

Além da ação conjunta, os dois compostos têm efeito complementar na prevenção de doenças crônicas, como obesidade e diabetes tipo 2.

A curcumina, princípio ativo da cúrcuma, possui baixa biodisponibilidade — ou seja, é pouco absorvida pelo organismo. A piperina, presente na pimenta-do-reino, resolve essa limitação. “A piperina atua inibindo certas enzimas hepáticas e intestinais que degradariam a curcumina, prolongando sua permanência no organismo e aumentando sua absorção em até 2.000%”, explica Danielle.

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Allonso Marx Teixeira, coordenador de nutrição do hospital Anchieta, destaca que essa união representa um “exemplo magistral de sinergia fitoquímica”. Para ele, essa não é a única dupla poderosa no universo da alimentação. “A natureza nos oferece várias opções e a lição é clara: combinações estratégicas potencializam os fitoquímicos além de seus efeitos isolados”, diz.

O uso da bebida pode ser feito tanto por pessoas saudáveis, de forma preventiva, quanto por quem enfrenta processos inflamatórios crônicos ou agudos. Porém, seu efeito é mais evidente em quadros com inflamação já instalada, como artrite ou resistência à insulina.

Allonso também enfatiza a importância da variedade na alimentação: “Fitoquímicos não substituem medicamentos! Eles são coadjuvantes”, pontua. Ele recomenda incluir outras combinações no dia a dia, já que a ação combinada de compostos naturais em diferentes horários pode otimizar a absorção e ampliar os efeitos protetores ao longo do dia.

A escolha do horário ideal para o consumo não é consenso, mas há orientações práticas. “Consumir o chá após as refeições pode ajudar na digestão e reduzir desconfortos gastrointestinais”, indica Danielle. O especialista Marx acrescenta que o foco deve estar na biodisponibilidade: “A curcumina precisa de gordura, por isso, é uma boa opção tomar com leite vegetal e óleo de coco, por exemplo. A consistência diária supera qualquer horário ‘perfeito’.”

Principais benefícios do chá de cúrcuma com pimenta-do-reino

Ação anti-inflamatória.
Efeito antioxidante.
Estímulo à digestão.
Apoio ao sistema imunológico.
Auxílio na modulação de processos metabólicos.
Potencial coadjuvante no controle glicêmico

Contraindicações

Os especialistas alertam que existem alguns grupos de risco para os quais o consumo do chá não é indicado.

Pessoas com gastrite ativa, úlcera ou refluxo devem evitar o chá, pois ele pode irritar a mucosa gástrica.
Quem faz uso de anticoagulantes (como varfarina ou AAS) deve ter cautela devido ao risco aumentado de sangramento.
Gestantes e lactantes precisam consultar um profissional antes de incluir o chá na rotina.
Portadores de obstrução biliar ou com histórico de cálculos devem evitar a cúrcuma, que pode estimular a contração da vesícula.

Cuidados no consumo

A recomendação geral é consumir de uma a duas xícaras por dia, utilizando cúrcuma in natura ou em pó (cerca de 1 colher de chá) e uma pitada de pimenta-do-reino. “Exageros podem causar efeitos colaterais como náuseas, diarreia ou desconforto gástrico. A moderação é sempre a chave”, alerta Danielle. Alimentos inteiros, preparados em casa, tendem a ser mais seguros do que suplementos concentrados.

“Suplementos exigem rigor. Extratos concentrados podem sobrecarregar fígado e rins”, adverte Allonso. Segundo ele, 500 mg de curcumina isolada equivalem a 15 colheres de chá de cúrcuma. Por isso, ele recomenda dar preferência às versões alimentares tradicionais — como o chá, as pastas douradas e os temperos naturais. O sabor intenso, além de terapêutico, é também um convite ao paladar.

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