Galípolo vai explicar estouro da meta de inflação em carta ao Ministério da Fazenda

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, vai encaminhar uma carta aberta ao Ministério da Fazenda nesta quinta-feira, 10. O motivo foi o fato de a inflação de junho ter ultrapassado o teto da meta. Essa medida é obrigatória, segundo as regras do regime de metas inflacionárias.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,24% em junho, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. O IPCA recuou em relação a maio, mas, no acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 5,35%, número acima do teto da meta, que é de 4,5%.

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Com isso, o Banco Central precisa justificar o descumprimento ao Conselho Monetário Nacional. O documento será divulgado às 18h.

A carta deve explicar as causas da alta, indicar as medidas adotadas e estimar o prazo para retorno da inflação ao intervalo previsto. Desde 2025, o país adota um regime contínuo de metas, com objetivo central de 3% e tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Se a inflação acumulada em 12 meses ultrapassar o teto por seis meses seguidos, como ocorreu agora, o BC é obrigado a se manifestar por escrito ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Galípolo se incomoda com a frequência das cartas

Durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, na terça-feira 9, Galípolo comentou a situação.

“Nós todos do Copom estamos bastante incomodados porque essas expectativas sinalizam que, em seis meses, tenho que escrever a segunda carta de descumprimento da meta”, disse. “Tive que escrever em janeiro e vou ter que escrever, agora, provavelmente uma no mês que vem.”

Dados do BC apontam que 58,8% dos itens do IPCA estão acima do teto da meta. Outros 45,1% ultrapassam o dobro da meta, ou seja, estão acima de 6%. Já a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, é a mais alta desde 2006.

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Também na quarta-feira, Galípolo declarou que o compromisso com a meta segue inalterado. “O Banco Central não vai encontrar o meio do caminho”, continuou. “A meta é 3%, e não uma sugestão. O BC não vai se desviar um milímetro dela.”

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