Um estudo internacional conduzido pela USP e pela Fiocruz, publicado em 2024, revelou que aumentar em apenas 10% o consumo de ultraprocessados pode elevar em 3% o risco de morte precoce. A pesquisa analisou dados de oito países e revelou que, no Brasil, esses produtos representam de 15% a 55% das calorias ingeridas diariamente — e podem ser responsáveis por até 14% das mortes.
Embora o dado seja preocupante, ele reforça uma verdade cada vez mais evidente: a alimentação tem papel central na nossa saúde. E é na infância que os hábitos começam a se formar.
Alimentação balanceada precisa fazer parte da rotina escolar
Segundo a nutricionista Cynthia Howlett, embaixadora da Sanutrin e coordenadora de projetos de educação alimentar, a escola tem um papel decisivo na promoção da alimentação balanceada.
“As crianças passam boa parte do dia na escola, por isso a responsabilidade com o que se oferece ali vai além do lanche. A educação alimentar deve fazer parte do currículo. É na convivência com os colegas que a criança aprende a experimentar, a dividir e a fazer escolhas mais saudáveis”, explica ao Terra.
De fato, adotar uma alimentação coletiva e equilibrada, com cardápios variados e incentivo ao consumo de frutas, legumes e preparações caseiras, é essencial. Mas Cynthia destaca que isso precisa vir acompanhado de ações práticas: palestras, oficinas, envolvimento das famílias e orientação aos profissionais de educação.
Estudo aponta relação entre alimentos ultraprocessados e maior risco de morte precoce, além de doenças como diabetes e hipertensão – Crédito: Freepik
Lanches ultraprocessados favorecem doenças como diabetes e hipertensão
Entre as principais queixas está a praticidade dos lanches industrializados. “Biscoitos recheados, salgadinhos e sucos de caixinha ainda são os mais comuns. Mas o impacto é preocupante”, alerta Cynthia. Ela aponta que, ao chegar ao ensino fundamental, muitas crianças já apresentam consumo excessivo de ultraprocessados, o que contribui diretamente para o aumento precoce de casos de diabetes e hipertensão.
Além disso, estudos associam esses alimentos ao aumento de peso e à obesidade infantil, que muitas vezes se estendem até a vida adulta. Por isso, estimular o preparo de lanches simples em casa e oferecer opções mais naturais no ambiente escolar pode fazer toda a diferença.
Educação alimentar e políticas públicas caminham juntas
Embora a mudança nos hábitos comece dentro de casa e nas escolas, especialistas defendem medidas mais amplas. Entre as propostas discutidas estão a rotulagem mais clara dos alimentos, a restrição da venda de ultraprocessados nas escolas e até a tributação de produtos que prejudicam a saúde.
Cynthia concorda, mas reforça que nenhuma política será realmente eficaz sem o envolvimento da comunidade. De acordo com ela, se queremos um futuro com menos doenças e mais qualidade de vida, precisamos investir em educação alimentar contínua. A alimentação balanceada é um pilar da formação da criança e deve ser tratada com a mesma importância que as demais disciplinas.
Resumo: Reduzir o consumo de ultraprocessados é uma medida urgente, especialmente quando pensamos nas próximas gerações. Escolas e famílias devem caminhar juntas, apostando em uma alimentação balanceada desde cedo. Isso não só ajuda a prevenir doenças como diabetes e hipertensão, como também ensina as crianças a fazerem escolhas conscientes que impactarão sua saúde por toda a vida.
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