Planeta em “espiral da morte” pode ser salvo? Estudo descobre

Não é novidade para ninguém que a Terra está em uma posição, digamos, privilegiada no Universo (pelo menos no aspecto que permite a existência de vida). Existem planetas em condições muito mais difíceis, como o TOI-2109b, que está sendo engolido por sua estrela. Mas um novo estudo publicado no último dia 15 indica que pode existir esperança para esse gigante gasoso.

O TOI-2109b é um gigante gasoso com cerca de cinco vezes a massa de Júpiter, mas, ao contrário do nosso “peso pesado” – cuja órbita dura mais ou menos 12 anos terrestres –, o recém-descoberto corpo planetário é tão veloz que completa um ano inteiro em menos tempo do que nós completamos um dia.

Ele é classificado como o que cientistas chamam de “Júpiter quente” – um tipo de exoplaneta de natureza gasosa, mas que apresenta órbitas aceleradas e temperaturas incrivelmente elevadas –, neste caso, estamos falando de pouco mais de 3.300 ºC (Celsius), o que faz do TOI-2109b o segundo mais quente já detectado (o mais quente, a título de curiosidade, é o KELT-9B, com impressionantes 4.315 ºC).

Essa velocidade toda, entretanto, não é algo bom para ele. Tudo indica que o TOI-2109b esteja em estado de “decadência orbital” – um momento no fim da vida de um corpo planetário em que sua órbita acelerada é indício de que ele está se aproximando cada vez mais de sua estrela.

Quando foi descoberto em 2021 pela missão Transiting Exoplanet Survey Satellite (ou simplesmente TESS), astrônomos estimaram que ele iria, literalmente, entrar em sua estrela entre cinco e dez milhões de anos – um prazo bastante curto, considerando que quase tudo no espaço trabalha com escalas de tempo da ordem de bilhões de anos. Mas uma pesquisa publicada esta semana no The Astrophysical Journal pode indicar um novo destino para o planeta condenado.

Dança da morte: Esta ilustração artística mostra o superaquecido Júpiter TOI-2109b, com cinco vezes a massa de Júpiter, preso em uma órbita de 16 horas ao redor de sua estrela. Crédito: Ilustração: Catálogo de Exoplanetas da NASA

O planeta pode sobreviver?

“Este é um Júpiter ultraquente e orbita muito mais perto de sua estrela do que qualquer outro Júpiter quente já descoberto”, diz o Dr. Jaime A. Alvarado-Montes, pesquisador da Universidade Macquarie que liderou o estudo, em comunicado.

O avanço da equipe de pesquisa liderada por Macquarie veio da combinação de dados de arquivo de vários telescópios terrestres com observações de dois telescópios espaciais: a missão TESS da NASA e o satélite CHEOPS da Agência Espacial Europeia.

“Usando todos os dados disponíveis para este planeta, conseguimos prever uma pequena mudança em sua órbita”, diz o Dr. Alvarado-Montes. “Depois, verificamos isso com nossa teoria e com nossos modelos de evolução planetária, e nossas previsões coincidiram com as observações. Isso é bastante empolgante.”

A concordância entre previsões teóricas e dados observacionais representa uma conquista significativa na ciência exoplanetária. Ambas as abordagens calcularam, independentemente, que o período orbital do planeta diminuiria em pelo menos dez segundos nos próximos três anos.

Uma ilustração mostra uma estrela gigante vermelha com um anel ao redor dela que foi criado quando ela engoliu um planeta gigante gasoso.(Crédito da imagem: NASA/ESA/CSA/Ralf Crawford (STScI))

O planeta “engolido” agora tem três destinos

De acordo com a pesquisa, no primeiro cenário, à medida que o planeta se aproxima do limite de Roche – o ponto em que as “forças de maré” entre o planeta e a estrela superam a gravidade do próprio planeta –, ele será literalmente dilacerado. “Ele começa a se parecer mais com um donut alongado… a gravidade do planeta não consegue mais manter sua forma esférica”, completa o pesquisador.

Já a segunda possibilidade envolve o planeta entrar de forma direta na estrela, sendo engolido completamente por ela. “A estrela irá absorvê-lo e matá-lo, é claro, no processo – queimá-lo completamente, e o planeta desaparecerá”, disse ainda.

Leia mais

Rocha “teimosa” reforça suspeitas sobre vida em Marte

NASA: cortes de orçamento ameaçam missão europeia para Marte

Marte é realmente um planeta vermelho?

Mas a última possibilidade é a mais intrigante. Nela, a intensa radiação estelar poderia remover o envoltório gasoso do planeta por meio de um processo chamado fotoevaporação, deixando apenas seu núcleo rochoso. “E se o planeta encolher rápido o suficiente, então quando ele atingir a posição onde seu limite de Roche estaria, ele não terá mais cinco massas de Júpiter, mas será pequeno o suficiente para que o limite de Roche se aproxime da estrela, para que ele possa escapar da destruição.”

Dessa forma, ele se transformaria em uma super-Terra, estabilizando-se em uma órbita próxima e potencialmente sobrevivendo por milhões de anos.

Mas ainda não há como ter certeza do cenário. Com monitoramento contínuo pelos próximos três a cinco anos, os astrônomos poderão detectar as mudanças previstas na órbita do TOI-2109b.

O post Planeta em “espiral da morte” pode ser salvo? Estudo descobre apareceu primeiro em Olhar Digital.