O mercado financeiro brasileiro reagiu com forte instabilidade nesta sexta-feira, 18, diante da operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e da escalada das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
O Ibovespa recuou mais de 1% ao longo do dia, e o dólar voltou a subir frente ao real, próximo a R$ 5,58. No começo da tarde, o principal índice da bolsa brasileira operava em queda de 1,59%, aos 133.409 pontos. O dólar comercial, por sua vez, era negociado a R$ 5,572.
O movimento de aversão ao risco é atribuído, em grande parte, à nova fase da crise institucional que envolve o ex-presidente. Bolsonaro foi alvo de mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito de um inquérito que apura crimes como coação no curso do processo, obstrução da Justiça e tentativa de ataque à soberania nacional.
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Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar noturno, visitas a qualquer embaixada e a proibição de comunicação com outros investigados e autoridades estrangeiras.
Moraes afirmou que houve “atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas” e declarou que as condutas do ex-presidente e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) “caracterizam claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos”.
A repercussão política foi imediata. Em pronunciamento oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “chantagem inaceitável” a decisão do governo norte-americano de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, motivada pelas investigações contra Bolsonaro.
Bolsonaro no centro da crise diplomática e institucional
“Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros”, afirmou Lula em cadeia nacional de rádio e televisão. “São verdadeiros traidores da pátria.”
A tensão com os EUA intensificou-se quando Donald Trump anunciou a tarifa como resposta ao que considera um “tratamento terrível” dado a Bolsonaro pelo sistema judiciário brasileiro, em especial a Suprema Corte.
No mercado, a percepção é de que o ambiente político conturbado pode dificultar negociações bilaterais e gerar impactos negativos à economia, o vincular as tarifas econômicas a temas políticos e judiciários do Brasil.
Entre os papéis com maiores perdas na B3 estavam Braskem (queda de quase 6,4%), Embraer (-5%) e a própria B3 (-4,88%). Também registraram recuo as ações de grandes bancos e de Petrobras, mesmo com a alta do petróleo no mercado internacional.
No câmbio, o dólar operou em alta durante toda a sessão. Às 13h25, a cotação chegava a R$ 5,572, com alta de 0,38% no dia. A instabilidade no mercado local contrastou com o desempenho positivo das bolsas norte-americanas, impulsionadas por resultados corporativos acima do esperado e dados econômicos robustos.
No Brasil, o governo federal avalia medidas de resposta às tarifas impostas por Trump. O vice-presidente Geraldo Alckmin inaugurou rodadas de diálogo com o setor produtivo e defendeu a taxação de gigantes da tecnologia norte-americanas como possível retaliação.
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