O baiacu é um dos peixes mais fascinantes do mundo. Eles têm a capacidade de inchar o corpo quando se sentem ameaçados. Também possuem uma das toxinas mais mortais da natureza e, mesmo assim, se tornaram iguaria culinária em algumas partes do mundo.
No Japão, por exemplo, esse peixe faz parte da alta gastronomia. São poucos os chefs de cozinha que podem manejá-lo: apenas aqueles com um certificado específico. Certificado que demora dois anos para tirar – e que costuma ter um índice de reprovação superior aos 50%.
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Todo esse tempo de treino serve para ensinar o cozinheiro a remover as partes tóxicas com precisão, reduzindo os riscos para os consumidores. E não são poucas as partes comprometidas: o fígado e as gônodas (órgãos reprodutores) possuem altas concentrações de veneno. A pele do animal também guarda alguns resquícios, assim como os olhos.
Todo o cuidado é pouco, uma vez que a substância pode ser fatal para seres humanos. Então, respondendo à pergunta do título, sim, o baiacu é mesmo perigoso para consumo.
A toxina do baiacu
A tetrodotoxina é uma neurotoxina capaz de causar paralisia muscular e levar à morte em poucas horas.
Ela age bloqueando os canais de sódio nas células nervosas, impedindo a transmissão de sinais de forma adequada.
Em concentrações elevadas, a substância pode levar à falência respiratória e, consequentemente, à morte.
Como dissemos acima, o fígado, os órgãos reprodutores e a pele do baiacu são as partes mais tóxicas, sendo a ingestão delas a principal fonte de envenenamento humano.
Os sintomas de envenenamento geralmente começam a se manifestar dentro de um período que varia de 20 minutos a algumas horas após a ingestão.
O primeiro deles é a sensação de formigamento e dormência nos lábios, língua e nas extremidades do corpo.
Na sequência, a pessoa pode sentir fraqueza muscular seguida por náuseas e vômitos.
As dificuldades respiratórias aparecem horas depois, conforme a toxina se espalha pelo corpo.
Em casos mais graves, o envenenamento por tetrodotoxina pode resultar em paralisia muscular e, eventualmente, levar à morte.
É por isso que a recomendação após sentir qualquer um desses sintomas (depois de consumir a iguaria) é procurar um médico imediatamente.
Iguaria para uns, proibido para outros
Devido ao alto risco, alguns países optaram por proibir completamente a comercialização e o consumo do baiacu. É o caso de toda a União Europeia.
No Brasil e nos Estados Unidos, não há nenhuma proibição, mas sim uma contraindicação, devido ao elevado risco de intoxicação.
No Japão, porém, o fugu, como é chamado, continua em alta, até com redes especializadas nisso. A maior parte do fugu é consumida em Osaka. O oeste do Japão, aliás, é a principal área de produção e, consequentemente, é a região onde ele é mais acessível.
Para você ter uma ideia, Osaka possui até mesmo alguns restaurantes com estrelas no Guia Michelin. São os casos dos quase centenários Yunagibashi Takoyasu e Kitahachi.
E você, se arriscaria a experimentar um desses pratos?
Texto feito com base em uma reportagem do Olhar Digital de 12/02/2024.
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