Trocar o dia pela noite faz mal à saúde?

Você se considera aquele tipo de pessoa que funciona melhor à noite? Ou, por causa do seu trabalho, precisa viver quando quase todo mundo está dormindo

Muitas pessoas, por escolha ou necessidade, acabam trocando o dia pela noite. Algumas se sentem muito bem com isso, outras vivem cansadas e acham esse ritmo pesado demais. Mas será que essa inversão faz mal à saúde?

Se você troca o dia pela noite, continue lendo para saber se esse hábito pode prejudicar sua saúde.

Por que dormimos?

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Antes de entrarmos no assunto de trocar o sono da noite pelo dia, é importante ressaltar a importância do ato de dormir. Dormir é fundamental para todos os seres vivos. E, para nós, humanos, dormir bem é essencial. O sono fortalece o sistema imunológico, regula o apetite, equilibra os hormônios, melhora a memória e ajuda o corpo a se recuperar do desgaste do dia.

Se deixarmos de dormir, os efeitos surgem rápido: cansaço, irritação, dificuldade de concentração. Com o tempo, o risco de doenças físicas e mentais aumenta. Dormir bem não é opcional, é uma necessidade do corpo.

Todavia, você já se perguntou por que geralmente dormimos à noite?

Por que dormimos à noite?

Além de usar meias para dormir, preparar o ambiente também pode ajudar a ter um sono mais reparador. Imagem: Tavarius/Shutterstock

Bem, nosso corpo segue um relógio interno chamado ritmo circadiano. Ele se ajusta naturalmente à luz do dia e à escuridão da noite. Mas por que é assim? Será que isso é apenas um hábito cultural ao qual nosso corpo acabou se adaptando? Ou existe uma necessidade biológica por trás desse padrão?

Na verdade, fomos feitos para funcionar assim. O organismo humano evoluiu ao longo de milhares de anos para se alinhar com o ciclo natural do planeta: acordar com a luz do dia e descansar durante a noite.

Esse ritmo regula a liberação de hormônios, a temperatura corporal, o nível de alerta e o funcionamento de diversos sistemas internos.

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Então, por que geralmente dormimos à noite?

Com a chegada da noite e a ausência de luz, o corpo entende que é hora de descansar. Para isso, nosso organismo aumenta a produção de melatonina, conhecida como o hormônio do sono. A melatonina é fundamental para iniciar e manter um sono de qualidade. 

Dormir no escuro profundo reforça esse ciclo natural e permite um sono mais profundo e reparador.

Agora: por que geralmente ficamos acordados de dia?

Durante o dia, a luz solar reduz a produção de melatonina. Ao mesmo tempo, a luz estimula a liberação de cortisol, um hormônio que ajuda a aumentar o estado de alerta, a disposição e a energia para as atividades físicas e mentais. 

Esse equilíbrio entre melatonina e cortisol faz parte do funcionamento do ritmo circadiano, mantendo o corpo ativo e focado durante o dia.

Afinal, trocar o dia pela noite faz mal?

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Com toda essa explicação, chegamos à nossa pergunta inicial: afinal, trocar o dia pela noite faz mal? E a resposta é sim, pode fazer.

Inverter o ciclo claro-escuro, como vimos acima, altera o funcionamento de diversos sistemas do corpo. O ritmo circadiano, responsável por regular funções biológicas importantes, é afetado por essa mudança. Com isso, há uma desregulação da melatonina e do cortisol, hormônios essenciais para o equilíbrio do organismo no funcionamento diário.

Além disso, estudos apontam que esse hábito pode trazer riscos à saúde.

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Existe risco a saúde para quem troca o dia pela noite?

Sim, existem alguns riscos à saúde. Abaixo, alguns dos malefícios que podem ser provocados pelo hábito de trocar o dia pela noite.

Problemas metabólicos

O corpo metaboliza melhor os alimentos durante o dia. À noite, esse processo desacelera, e inverter esse ciclo prejudica o controle dos nutrientes. 

Isso reduz a sensibilidade à insulina, favorece o acúmulo de gordura e eleva o risco de obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos.

(Imagem: Freepik)

Distúrbios do sono

Dormir durante o dia geralmente significa sono mais leve, com mais ruídos e interrupções. A luz solar, mesmo com cortinas, atrapalha a produção de melatonina.

Isso pode resultar em sono fragmentado, insônia ao tentar dormir e sonolência durante o período de vigília (à noite).

Alterações hormonais

O ritmo circadiano regula a produção de diversos hormônios. Como já explicamos, quando esse ciclo é invertido, hormônios importantes como melatonina e cortisol ficam desregulados

Porém, isso também interfere em outros hormônios, como a leptina e a grelina. Esses hormônios controlam a fome, e quando desregulados, causam aumento do apetite e redução da sensação de saciedade.

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Impacto na saúde mental

A falta de sono profundo e a desregulação do ritmo biológico aumentam a irritabilidade e a instabilidade emocional

Além disso, estudos afirmam que o hábito de trocar o dia pela noite contribui para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.

Redução do desempenho cognitivo

Dormir fora do horário natural prejudica o funcionamento do cérebro. Isso reduz a consolidação da memória, dificulta o foco e a atenção e diminui a velocidade do processamento mental.

Mas eu me dou bem trocando o dia pela noite. Devo mudar meu hábito?

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Se você vive à noite há anos, dorme sempre no mesmo horário, acorda se sentindo bem, tem disposição e seus exames estão normais, não há necessidade de mudar tudo de forma radical. Inclusive, é muito importante termos um horário regular para dormir. Se dormirmos sempre naquele horário específico, nosso relógio biológico não se confundirá.

Todavia, é importante deixar bem claro: mesmo que você se sinta normal com esse hábito de trocar a noite pelo dia, saiba que seu corpo está em esforço constante para se adaptar a um ritmo que não é natural.

Sentir-se bem agora não garante que os efeitos não apareçam mais tarde. Por isso, quem vive à noite precisa de mais atenção com a saúde. Isso inclui acompanhamento médico, boa alimentação, sono de qualidade e algum tempo de exposição à luz natural.

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