Estudo revela que empresas investem em IAs inúteis

Um estudo recente da Universidade de Stanford (EUA) identificou uma lacuna crítica entre o que trabalhadores esperam da inteligência artificial (IA) e aquilo que a tecnologia pode, de fato, entregar, destacando oportunidades valiosas para pesquisa e desenvolvimento.

Enquanto a IA segue remodelando profundamente o mercado de trabalho, com empresas, como Amazon e Microsoft, anunciando cortes impulsionados pela automação, ainda persiste uma dúvida importante: as reais capacidades dessas tecnologias estão alinhadas às expectativas dos trabalhadores?

A pesquisa revela que os colaboradores desejam ferramentas que os auxiliem em tarefas cotidianas e repetitivas, mas muitas aplicações atuais acabam sendo pouco úteis ou desalinhadas das necessidades reais dos usuários.

ainda persiste uma dúvida importante: as reais capacidades dessas tecnologias estão alinhadas às expectativas dos trabalhadores? (Imagem: tadamichi/Shutterstock)

O que os trabalhadores querem (e temem) da IA

Para entender melhor todo esse cenário, os pesquisadores entrevistaram 1,5 mil pessoas distribuídas em 104 profissões diferentes;

Descobriram que, embora a IA seja bem-vinda em tarefas rotineiras, há forte resistência em confiar, à tecnologia, tarefas criativas ou de comunicação direta com clientes e fornecedores, por exemplo;

A confiança apareceu como uma das principais preocupações dos entrevistados, de acordo com informações divulgadas pela revista Tech Xplore;

Quase metade dos participantes afirmou não acreditar na precisão ou confiabilidade das ferramentas de IA. Outros demonstraram preocupação com a possibilidade de perder empregos para robôs ou com a ausência de supervisão humana em decisões importantes.

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Trabalhadores aceitam IA para tarefas repetitivas — mas rejeitam quando ela tenta ser criativa ou falar por eles (Imagem: Gumbariya/Shutterstock)

Os pesquisadores, então, criaram um mapa para entender quais tarefas as pessoas gostariam que fossem automatizadas e quais a inteligência artificial realmente consegue executar. A conclusão foi que muitas empresas estão investindo em tecnologias que os funcionários consideram pouco úteis ou, até, indesejadas, enquanto deixam de lado justamente aquelas áreas onde os trabalhadores mais querem ajuda, mas que a inteligência artificial ainda não consegue resolver bem.

Por que a opinião dos trabalhadores importa?

As empresas, geralmente, priorizam aquilo que a inteligência artificial já consegue fazer, sem levar muito em conta o que os trabalhadores realmente precisam ou desejam. Mas são justamente esses trabalhadores os mais impactados pelas transformações tecnológicas, além de serem essenciais para o funcionamento da economia, ressalta Yijia Shao, uma das responsáveis pelo estudo da Universidade de Stanford.

Incorporar as necessidades dos funcionários no desenvolvimento dessas tecnologias não é apenas uma questão ética. É fundamental para criar ferramentas que sejam realmente úteis, confiáveis e aceitas pelos usuários. Além disso, ouvir os trabalhadores permite descobrir oportunidades pouco exploradas, direcionando inovações mais eficazes e humanas.

Apesar da importância desse levantamento inicial, os autores alertam que pesquisas como essa devem ser constantemente atualizadas para acompanhar o ritmo acelerado dos avanços da IA. Somente assim empresas poderão implementar tecnologias que façam sentido na prática e permitam, aos funcionários, aproveitarem o máximo da parceria com as máquinas.

Crescimento da tecnologia deixa trabalhadores preocupados (Imagem: Stock-Asso/Shutterstock)

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