4 peças de hardware para tomar cuidado ao reduzir a voltagem do PC

Reduzir a voltagem de uma peça específica do hardware é uma técnica popular para quem busca maior eficiência no PC, mas exige cautela para não causar mais danos do que benefícios. Ajustar a voltagem de uma peça específica do seu PC é uma prática que pode trazer benefícios, mas exige cuidado.

Essa técnica, conhecida como undervolt (ou redução de voltagem), consiste em diminuir intencionalmente a tensão elétrica fornecida a um componente de hardware. O objetivo é reduzir o calor gerado, o que pode resultar em um computador mais silencioso, frio e com melhor eficiência energética.

O termo, uma abreviação de “undervolting”, significa simplesmente reduzir a voltagem (tensão elétrica) que é fornecida a um componente do computador. A lógica é direta: ao diminuir a carga elétrica que chega ao chip, reduzimos seu consumo de energia e, consequentemente, o calor gerado.

Isso pode resultar em temperaturas mais baixas, coolers que giram menos e fazem menos barulho, e, em alguns casos, até um ligeiro ganho de performance, já que o componente não será mais limitado por restrições térmicas.

No entanto, é crucial entender que o undervolt não é uma bala de prata universal. Ele não funciona de forma igual para todos, nem para todas as rotinas de uso. O que é estável para um usuário que só navega na web pode travar imediatamente em um jogo pesado para outro.

Além dos problemas de instabilidade temporária, como telas azuis, travamentos e fechamento inesperado de aplicativos, existe o risco de danos permanentes a certos componentes se a prática for aplicada de forma inadequada ou em partes específicas do hardware.

4 peças do PC em que você deveria fazer undervolt

A seguir, listamos quatro peças cruciais do seu PC nas quais você deve pensar duas vezes, ou proceder com extrema cautela antes de sair reduzindo a voltagem.

Processador (CPU)

Um undervolt agressivo pode, a longo prazo, tornar a CPU mais “fraca”, forçando-a a precisar de mais voltagem no futuro (Imagem: 3Dsss / Shutterstock.com)

O cérebro do seu computador é, ironicamente, um dos hardware mais sensíveis quando o assunto é ajuste de voltagem. Embora seja uma das peças mais comuns para se tentar o undervolt (especialmente em laptops para controle térmico), os riscos são significativos.

A justificativa para não se fazer undervolt agressivo na CPU reside na sua arquitetura complexa. Processadores modernos operam com algoritmos de “boost” dinâmico que dependem de uma faixa específica de energia para atingir altas frequências.

Se você reduzir a voltagem além do que o chip é capaz de tolerar, o problema imediato será a instabilidade do sistema. O PC pode começar a travar em tarefas pesadas, gerar telas azuis ou simplesmente reiniciar sem aviso.

A longo prazo, um undervolt muito agressivo pode, em teoria, forçar o componente a operar em um estado de “fome” elétrica, potencialmente causando corrupção de dados e, em casos extremos, degradando o silício de forma prematura.

Cada unidade de CPU é única, o que funciona para um modelo idêntico ao seu pode não funcionar para a sua peça específica, um fenômeno conhecido como “loteria do silício”

Placa de vídeo (GPU)

A VRAM é a “memória de trabalho” da GPU e negligenciar sua voltagem leva a erros de dados que se manifestam como falhas visuais na sua tela (Imagem: Lazy_Bear / Shutterstock.com)

Assim como a CPU, a placa de vídeo é um alvo comum para o undervolt, buscando temperaturas mais baixas e um desempenho sustentado em jogos. Os softwares modernos, como o MSI Afterburner, tornam o processo aparentemente simples. Contudo, a GPU é um componente complexo, composto por diferentes domínios de energia (como o núcleo principal e a memória VRAM).

O risco principal está em focar apenas no núcleo (Core) e negligenciar a memória (Memory). Um usuário pode encontrar uma voltagem estável para o core da GPU e achar que o trabalho está feito. No entanto, se a memória VRAM continuar recebendo voltagem excessiva, ou pior, se sua voltagem for reduzida de forma inadequada, os problemas serão graves.

Undervolt incorreto na VRAM pode causar artefatos visuais (pontos, linhas ou cores distorcidas na tela), travamentos em jogos e, em casos extremos, danos permanentes aos módulos de memória. A instabilidade da GPU é frequentemente mais visível e imediata que a da CPU, mas os danos potencialmente causados pela manipulação errada da VRAM são igualmente sérios.

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Memória RAM

O undervolt de RAM é considerado “quase proibido” para usuários comuns porque o ganho potencial de temperatura da RAM é mínimo, mas o risco de corromper o sistema de arquivos ou de o PC simplesmente não ligar é altíssimo (Imagem: Vitor Miranda / Shutterstock.com)

A memória RAM é, possivelmente, o componente mais perigoso desta lista para se mexer. Enquanto overclock de RAM é uma prática comum entre entusiastas, o undervolt de RAM é um território praticamente proibido para a grande maioria dos usuários.

As memórias DDR4 e DDR5 são projetadas para operar dentro de especificações de voltagem muito rigorosas (geralmente 1.35V para perfis XMP/EXPO). Reduzir essa voltagem abaixo do especificado quase que garantidamente levará a uma enorme instabilidade do sistema.

O computador pode falhar em inicializar (não dar boot), travar durante o uso leve do sistema operacional ou causar uma enxurrada de erros. O pior cenário é a corrupção do sistema de arquivos do seu sistema operacional, tornando o PC inutilizável e forçando uma reinstalação completa do Windows ou Linux.

Diferente da CPU e GPU, que têm mecanismos de proteção, a RAM com undervolt simplesmente não funciona direito, e os erros que ela gera são catastróficos para a integridade dos seus dados.

Placa-Mãe (Reguladores de Voltagem – VRM)

Um undervolt exagerado na CPU não só a torna instável, mas também danifica o sistema de energia da placa-mãe (VRM), comprometendo a estabilidade de todo o PC (Imagem: Skrypnykov Dmytro / Shutterstock.com)

Este é um componente que muitos nem consideram, mas é fundamental para a saúde de todo o sistema. A placa-mãe abriga os VRMs (Módulos Reguladores de Voltagem), um circuito responsável por converter a energia da fonte (12V) para as voltagens baixas e precisas exigidas pela CPU e outros componentes. Fazer undervolt na CPU, por exemplo, afeta diretamente o trabalho dos VRMs.

O perigo surge quando se faz um undervolt muito agressivo. Um undervolt extremo pode forçar os VRMs a trabalharem em um ponto de operação para o qual não foram otimizados, potencialmente causando oscilações (ripple) na energia entregue à CPU.

Essa energia “suja” e instável, mesmo em níveis baixos, pode causar os mesmos problemas de instabilidade e corrupção de dados que um undervolt direto na CPU, mas de uma forma muito mais difícil de diagnosticar.

A longo prazo, forçar os VRMs a operarem de maneira irregular pode levar ao seu superaquecimento e degradação prematura, comprometendo a capacidade da placa-mãe de alimentar adequadamente qualquer CPU, agora ou no futuro.

Pense a longo prazo

Enquanto o undervolt pode ser uma ferramenta valiosa para entusiastas que buscam otimizar seu PC, é crucial entender que não é uma solução universal e sem riscos.

A estabilidade e a integridade a longo prazo do seu hardware devem sempre vir em primeiro lugar. Por exemplo, os fóruns no site Reddit estão repletos de relatos de usuários sobre instabilidade causada por undervolt, com membros experientes constantemente alertando sobre os riscos, especialmente com RAM e placas-mãe.

Antes de qualquer ajuste, pesquise extensivamente sobre o seu modelo específico de peça, utilize ferramentas adequadas e faça testes de estabilidade rigorosos. Lembre-se: a busca por um PC mais frio e silencioso não deve colocar em risco a saúde de componentes vitais do seu sistema.

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